A pergunta mais frequente no mundo dos investimentos é “Onde é melhor investir agora?” ou variações dessa pergunta, como por exemplo “Qual ação devo comprar?”.
Literalmente essa é a pergunta que vale R$ 1 milhão! Seria muito bom que houvesse uma resposta simples para esta questão, mas não é bem assim. Para responder isso é preciso inicialmente saber qual o objetivo do investidor, seu perfil e em qual momento ele vai precisar do dinheiro. Afinal, um investimento pensando em renda extra com dividendos na aposentadoria é diferente de um investimento para tentar encontrar a nova "Magazine Luiza".
Ao definir um objetivo é importante quantificá-lo (em termos de valor) para avaliar se esse objetivo é possível de ser atingido no prazo desejado. Quando estabelecemos objetivos difíceis de serem alcançados, corremos o risco de cair em armadilhas (como pirâmides financeiras) ou de sermos seduzidos por promessas improváveis de serem cumpridas, como ganhos consistentes em operações arriscadas de trade, por exemplo.
Vamos supor que seu objetivo seja conseguir R$ 1 milhão em 6 meses, partindo do zero. Por ser algo difícil de ser alcançado no prazo estabelecido, você provavelmente estará mais suscetível a ser seduzido pelo "canto da sereia", promessas de dinheiro rápido como pirâmides financeiras, armadilhas do mercado financeiro ou negócios fraudulentos. E o que não falta são "vendedores de sonhos" neste mercado.
O problema é que quando uma operação gera prejuízos, tendemos a querer tentar recuperar o dinheiro de volta, geralmente "dobrando a aposta" e assumindo mais riscos, o que potencializa ainda mais a perda. É importante lembrar que temos que aprender a lidar com nossa ansiedade e ganância. Se não houver controle emocional por parte do investidor, ele perderá seu dinheiro em pouco tempo.
No caso de objetivos de curto prazo os investimentos devem se concentrar em renda fixa (de preferência com remuneração diária e com alta liquidez) para evitar riscos de perder dinheiro com variações no curto prazo. No caso de objetivos de longo prazo os investimentos podem se concentrar mais em renda variável, que por natureza envolvem mais riscos, mas por outro lado proporcionam retornos mais atraentes. A vantagem do investimento em longo prazo é que historicamente há uma valorização no preços dos ativos. Mas é importante lembrar de uma coisa: os extremos são perigosos. Investidores conservadores demais não ficam ricos. Investidores arrojados demais podem perder tudo.
Existe um contrassenso com relação aos investimentos de curto prazo com relação ao risco. Por influência de "vendedores de sonhos" e suas "promessas irresistíveis", muitos se deixam levar pela ganância fazem operações de alto risco no curto prazo. Dá para imaginar que o resultado geralmente não é dos melhores. Para objetivos de curto prazo a melhor estratégia é optar por investimentos mais seguros.
“O risco vem de não saber o que você está fazendo.” (Warren Buffett)
Após ter definido o objetivo, o próximo passo é identificar qual o perfil do investidor e sua tolerância ao risco e com qual técnica de investimento ele se sente mais confortável em operar.
Com relação ao perfil do investidor, existem meios de identificar o perfil dos investidores (conservador, moderado ou arrojado) por meio de aplicação de questionários específicos para isso. Esses questionários levam em conta a idade, o gênero, estado civil, a escolaridade e o rendimento mensal do investidor, dentre outros fatores.
Apesar de relevantes, nem sempre esses questionários funcionam adequadamente pois as respostas podem variar em função do momento que o questionário é respondido e das circunstâncias recentes pelo qual o investidor passou. Por exemplo, alguém que acabou de ter visto um grave acidente na rua provavelmente responderá um questionário sobre riscos de maneira mais conservadora, diferente de quem acabou de assistir uma palestra motivacional. Além disso a maneira como as questões são formuladas em um questionário pode induzir nossas respostas.
Investidores com perfil mais arrojado tendem a investir buscando alto desempenho, geralmente em períodos mais curtos, ainda que essas operações sejam mais arriscadas. Muitos destes investidores buscam resultados através de operações de trade. Investidores com perfil mais conservador tendem a ser mais avessos ao risco, dando preferência a investimentos mais seguros (renda fixa ou similares) geralmente com foco no longo prazo.
Nas operações de curto prazo, as empresas selecionadas são aquelas que têm maior volatilidade, ou seja, grandes variações no preço das ações. Isso é importante porque os “especuladores” (geralmente no curto prazo não se usa o termo investidor) estão preocupados em identificar qual a direção do movimento do preço dos ativos, se eles seguem tendência de queda ou de alta, para com isso ganhar dinheiro em qualquer um dos movimentos no curto prazo.
Nas operações de curto prazo a técnica utilizada para identificar o movimento é a análise técnica. Dependendo da quantidade e do prazo das operações, as estratégias podem ser de scalping trade (muitas operações realizadas no mesmo dia), day trade (poucas operações realizadas no mesmo dia) e swing trade (operações encerradas no dia seguinte ou em prazos curtos). Além de empresas também são utilizados mini índices, contratos de câmbio, dentre outros.
No caso das operações de longo prazo, o objetivo é encontrar empresas sólidas, em setores com potencial de crescimento, que gerem caixa e lucros. O processo de seleção deste tipo de ações (stock picking) é feito mediante a estratégia do investidor: investimento em valor (value investing), investimento em crescimento (growth investing) e investimento em dividendos (dividend investing). Cada uma das três estratégias tem objetivos diferentes e, na maioria das vezes, seleciona empresas diferentes para investimento.
Para a seleção de empresas para investimento no longo prazo geralmente é usada a análise fundamentalista, onde o foco principal está na busca para encontrar pelo valor justo de uma empresa. Este tipo de análise considera os dados contábeis da empresa, os indicadores financeiros e de mercado, análise do cenário econômico e concorrentes. Também são utilizadas informações sobre a gestão da empresa e de governança corporativa. Com base nestas informações o investidor toma suas decisões sobre compra ou venda das ações.
A escolha do método errado (em função do seu objetivo e perfil) pode ser um grande erro porque pode gerar stress e ansiedade. Nem todo investidor tem paciência para o longo prazo, assim como nem todo mundo tem nervos de aço para o curto prazo. Independente da técnica utilizada é importante ter profundo conhecimento das ferramentas de análise e continuar estudando sempre.
A adoção de uma estratégia de investimentos ajuda você a não perder o foco e a evitar correr riscos desnecessários. Algumas técnicas de diversificação, combinando empresas com diferentes perfis, pode reduzir riscos dos investimentos e melhorar a rentabilidade.
Por fim, antes de escolher uma ação ou uma estratégia, alguns investidores consideram seus valores e crenças antes de investir. Quando um investidor compra uma ação de uma empresa, ele financia este negócio. Assim, se você comprar uma ação de uma empresa de tabaco (cigarros), de alguma forma você está financiando este mercado. Da mesma forma, se você comprar uma ação de uma empresa de bebidas ou de venda de armamentos, você também está financiando estes setores.
Voltando à questão inicial, podemos verificar que é muito difícil dizer "qual ação comprar". Cada um tem um estilo, uma estratégia e valores. Faça uma análise do seu perfil e técnicas preferidas e bons investimentos!
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