Muita gente simplesmente não dá atenção para os próprios gastos, mas eles são importantes. É comum vermos pessoas ganhando salários altíssimos e ainda assim sempre endividadas. Da mesma forma, vemos gente ganhando relativamente pouco, mas que conseguem guardar dinheiro. É lógico que ter altos rendimentos facilita o processo de guardar dinheiro, mas talvez isso não seja o mais importante.
A questão não é o quanto você ganha, mas sim o quanto você gasta. De que adianta ganhar um salário altíssimo se você vive pagando juros de cartão de crédito, limite do banco ou taxas de financiamento abusivas? Se você não ficar atento aos gastos, pode perder tudo. Isso não ocorre apenas com gente comum. Muitos milionários, dentre celebridades e esportistas, já perderam fortunas incríveis em função do estilo de vida. Elvis Presley, Michael Jackson, Mike Tyson e George Best são apenas alguns exemplos.
E você pode ser perguntar: Mas como isso é possível? Geralmente é gastar mais do que ganha. O principal fator responsável por isso é a manutenção de um estilo de vida com altos gastos, na maioria das vezes desnecessários. Em outros casos foram feitos investimentos ruins, gerando passivos onerosos, o que reduz a riqueza no longo prazo.
Um dos casos mais emblemáticos sobre estilo de vida e altos gastos no Brasil é de Jorginho Guinle, um socialite que após ter gastado quase toda sua herança e bens, avaliados em cerca de 100 milhões de dólares, em festas, viagens e mulheres, faleceu aos 88 anos de idade morando de favor no hotel Copacabana Palace. É importante dizer que no caso dele foi uma opção de vida (mas isso é uma história para outro momento).
Com as redes sociais as pessoas passaram a exibir seus estilos de vida em festas e viagens extraordinárias. Isso sem contar nos objetos de desejo, carros, casas, aparelhos eletrônicos e tantas outras coisas que nos fazem sonhar com uma vida diferente. Quanto tentamos ter o mesmo padrão de vida que vemos nas redes sociais corremos o risco de gastar muito além do que ganhamos, e é justamente neste ponto que está o problema.
Alguns fatores que podem explicar nossas decisões são relacionados à nossa racionalidade limitada e vieses comportamentais. Por mais que tenhamos conhecimento sobre o que deve ser feito, sempre encontramos justificativas para nossas ações e consumo.
Quando nosso estilo de vida está acima dos nossos rendimentos, corremos riscos de destruir nosso patrimônio. Utilizamos crédito para financiar nossos luxos e no final das contas isso sai caro. Quem trabalha com finanças sabe que uma taxa de juros de 6% ao mês é capaz de gerar um retorno de 100% ao final de um ano, ou seja duplicar o valor de um investimento. O mesmo acontece quando temos uma dívida. Se você financia um produto com uma taxa mensal de 6%, no final de um ano você terá pago o dobro do valor do produto. Por isso devemos estar atentos às taxas do cheque especial e de cartão de crédito.
A questão não é deixar de fazer todas as coisas que dão prazer, mas adequar o estilo de vida ao orçamento e gastar melhor. Gastar melhor nos permite continuar aproveitando momentos que nos fazem felizes, além de deixar nosso patrimônio protegido. Em algum momento precisamos nos perguntar se precisamos trocar o celular todos os anos, se precisamos mesmo ter 30 pares de sapatos ou se precisamos tomar um vinho de R$ 400.
Se você tem um gosto refinado ou se o seu padrão é alto mesmo, então considere aumentar seus rendimentos e ganhar mais do que você gasta. Mas se for para ostentar ou impressionar alguém, considere mudar. É uma questão de fazer contas e rever a forma de pensar.
Muita gente não se preocupa com o futuro sob o pretexto de que "só se vive uma vez". Este talvez tenha sido o lema de Jorginho Guinle e de tantos outros, mas não se engane, a vida cobra caro por erros como este.
Aquele que não olhar para o futuro como uma possibilidade real pode estar condenado a viver apenas de lembranças. Isso sem contar que é justamente no futuro que podemos precisar mais de dinheiro, pois não teremos mais a mesma força de trabalho e os gastos com a saúde podem ser maiores.
Os controle de gastos é um dos pilares para atingir a independência financeira. Aquele que gasta melhor tem mais recursos para investir e, ao longo do tempo, esse dinheiro pode se multiplicar e garantir bons dividendos.
Lembre-se, não deixe de fazer o que te faz feliz! Reveja seus gastos e adeque ao seu padrão de vida, saia das dívidas do cheque especial e do cartão de crédito e comece a investir no seu futuro.
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